domingo, 13 de julho de 2008

Tudo o que importa num domingo



As melhores coisas da vida passam por você e você nem percebe isso. Percebe? Ah, tá...

Vai me dizer que você abriu os olhos hoje e pensou que é muito bom estar quentinho nessa manhã de inverno, onde um céu claro, sem nuvens, com um sol que insiste em brilhar, realça as cores dos matinhos que dividem os paralelepípedos ou o pêlo imundo do cachorro vira-latas que dorme de barriga pra cima na calçada, em meio a meninos que jogam futebol, sem se importar com a hora do almoço, que a Dona Rosa fez (um franguinho no forno que exala um cheirinho de infância guardada há tempos), enquanto acompanha pelo rádio um chorinho pós-moderno, cantando notas altíssimas e agudas o suficiente para deixar o filho menino-moleque-homem-criança-caçula todo orgulhoso e emocionado, fazendo-o lembar que graças a ela, ele sabe apreciar, a olhos nus, o que a vida diária tenta ofuscar e tirar o brilho com contas no vermelho e aborrecimentos cinzas que tentam ofuscar um algo muito maior - é só prestar atenção - mas que a sensibilidade e a delicadeza e a doçura e as delícias de se/quando perceber que você é mais forte e resistente e persistente e burro o suficiente para não desistir é graças àquilo que não se valoriza porque está à mão: é o amigo tão próximo do coração que te re-ensina no mais simples ato cotidiano não sentido, não percebido, sem querer, numa simples e imprevista frase otimista que não combina com o seu jeito honesto, rude, sincero e engraçado de se manifestar carinhosamente ("Calma, seu merda!"); é o amor daqueles que estão ao seu lado e vão estar para sempre porque o sempre é o resultado e a lembrança desse cotidiano que você não percebeu enquanto tomava aquela xícara de café servida por um irmão, que você, no seu mais profundo egoísmo, não percebeu que era uma xícara transbordando de amor e preocupação que você não pediu, mas tem e agora se torna responsável por isso também, te forçando a sair desse trono imaginário frio distante que só te afasta; é o mais-que-amor daqueles que estão ao seu lado, e sempre estiveram em olhares, abraços e beijos acreditando em você mais que você mesmo - e mesmo assim você não percebe ou se faz de desentendido porque amanhã vai ter que se preocupar em manter esse amor de uma forma prática, trabalhando para sustentar isso como se fosse necessário mais do que algumas palavras de rotina mesmo, como bom dia, obrigado por tudo, eu te devo uma e eu te amo e por isso estou vivo.

E tudo isso acaba num piscar de olhos inesperado se voc

Um comentário:

Unknown disse...

Lemos juntas eu e a Mãe ficamos emocionada...muito lindo você escreve muito bem.
E é por isso tudo que acreditamos em você.Te amamos !