segunda-feira, 7 de julho de 2008

O segundo primeiro - Na hora certa

A espera. A angústia. A demora. A ansiedade. Tudo era motivo para ela não estar se sentindo bem.

Se tudo tivesse dado certo, como haviam combinado, a esta hora ela já teria tido alguma notícia dele. Talvez nem estivessem mais por aquelas bandas. Mas até aquela hora, nada. Nem sequer um vizinho ou um amigo que adora ser o portador de uma má notícia, como se isso fosse uma arma pronta para ser disparada, aparecera e trouxera novidade boa ou má.
Ele tinha saído horas antes, mal o dia nascera, com a promessa de que daria tudo certo - como se se pudesse prever um resultado para aquilo; como se ele pudesse prever o final daquilo e mesmo se conseguisse, como poderia avaliara se era bom ou não.
Engraçado como as pessoas têm mania de dizer que tudo vai dar certo para acalmar a quem não quer calma, para apaziguar um coração angustiado...Dizem que isso é solidariedade, amizade, compaixão, amor, afeto, carinho...sei não...acho que é medo de não ser forte o suficiente para aguentar contratempos inesperados ou situações fora do controle do outro ou dele mesmo. Dá vontade de perguntar como é que você sabe que vai dar tudo certo? Temos chances de dar tudo errado. E aí? Guarde suas previsões para você, suas compaixões! Não tenha pena de mim. Ou então, pelo menos vamos esperar para ver o que o"destino" nos reserva: se uma sacanagem gigantesca ou o que eu espero que aconteça! Droga eu não devia estar tão nervosa! Preciso me acalmar, preciso tomar um café, tá frio, pra esquentar, vai dar tudo certo. Vai dar tudo certo.
Ela foi até a cozinha.

E se desse errado?
E se desse tudo errado?

Cadê o pó de café que eu não acho!

E se fossem até ela para colher algum tipo de informação que fosse prejudicial a ele. Nada poderia acusá-la. Ela sabia pouco. Mas sabia.


E se ele não chegasse a tempo.

Eu vou lá, vou estar na hora certa. Nenhum minuto a mais, nehum minuto a menos. Horário de Brasília. Acertei o relógio, até. Um zero três. Eles vão ter que me ouvir. Tenho tudo o que eles precisam, mas só vou dar se eles fizerem o que eu pedi.

Ele nunca era tão decidido assim. A não ser quando encasquetava com alguma coisa na qual acreditava muito. Já tinha feito muito por muito pouco em outras situações. Me perguntava se eu o achava persistente ou se apenas um burro mesmo, a ponto de ficar dando murro em ponta de faca - adoro essa expressão. Porque se fosse burro, que Deus o Diabo ou o Destino mostrassem de uma forma bem objetiva isso a ele: arrancando-lhe as pernas num acidente a caminho do que estava querendo fazer; que ficasse cego ou tetraplégico, porque só assim desistiria daquilo. Engraçado ele pensar nessas punições físicas como um limite extremado...só assim para poder desistir sem arrepedimentos. Ele é assim, meio dramático mesmo.

Se ainda tô aqui, é pra não desistir. Vou até o fim.


A água começou a ferver.

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